"Desde Um Violonista no Telhado ..."

Já faz algumas horas que você foi dormir, como de sempre, dorme muito cedo para acordar-nos mais cedo ainda. Hoje foi nosso dia. A mãe teve que passar o dia fora para resolver problemas pendentes, e assim, tivemos nossas horas vagas, para brincar e nem se preocupar com nada, tanto que esqueci de tudo e acabei resolvendo não ir ao curso hoje, para ficar mais tempo com você, meu irmão.
Você teimou com um gatinho roxo que fica na minha mesa do computador hoje, eu falei vinte vezes com você que iria quebrar se ficasse jogando no chão, e com toda paciência, coloquei as vinte vezes de volta, no mesmo lugar e você repetia, até uma hora que eu dei uma gargalhada e você simplesmente esqueceu do enfeite, pegou as minhas mãos e me puxou para a porta de casa, para sair.
Ficamos no jardim mais de duas horas, você corria, você pegava areia e jogava em mim, você fingia comer a ração dos cães (as vezes comia, não mata!), apontava para os pássaros, rodava com os braços abertos, se escondia de mim atrás da rala cerca-viva, onde eu podia te ver, mas na sua brincadeira não valia a verdade, tinhamos que imaginar, foi o que eu fiz, imaginei o seu mundo, sem maldade, sem regras, sem tristezas e fiz o que mandou.
Brincamos até eu falar "vamos ver um filme?" e você como tem uma ótima qualidade que é ver filmes com sua irmã e com sua mãe, desde 'Um violinista no telhado' até 'Backyardigans', fomos ver Backyardigans e você só pulou na cama para ver, enquanto eu preparava as coisas para o seu banho. Assim, com banho tomado, fechamos a casa, e ficamos na sala a espera da mãe. E você não saia da janela.
Quando então malibu começou a latir e você já sabia, que do outro lado do muro, estava ela. Jantou, e caindo de sono cochilou na cadeirinha de refeições. Fui colocar-te para dormir. Olhei para você, com tanto sono, com tanta paz nos olhos. Só tive tempo de agradecer por mais este dia contigo, o tempo suficiente para você dormir tranqüilamente.